Inspiração



Um bocadinho de mim em palavras soltas, libertas pela digitalização da mente.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Os verdadeiros génios vivem para sempre...




O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

3 comentários:

  1. sinceramente, não aprecio particularmente Fernando Pessoa (nem os seus imensos heterónimos)... mas gostei muito do blog! parabéns!

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  2. Ihhh, olha o pseudo-Pessoa xD

    Ainda hoje em dia tenho trauma com Pessoa e seu heterónimos --' Convenhamos que é traumatizante ver esta matéria ser dada na escola por um antigo padre xD

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  3. eu sou fã absoluta de pessoa.. a sua genialidade arrepia-me... e é absolutamente intemporal...

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