Prendes o grito. Vejo-o nos teus
olhos e no meio do teu sorriso aberto.
A nós, que nos conhecemos até do
avesso, sei o quanto te doem ainda as incisões deste último ano. Quando
arregaças as mangas ainda consigo ver as marcas vermelhas de onde forçaste as
amarras do preconceito, para te libertares.
Vejo a tua luta todos os dias, mesmo quando não ouço a tua voz. Sinto-te ao longe e os arrepios de frio e medo que às vezes te percorrem o corpo passam também pelo meu. Coisas transcendentes que explicam o amor que nos une e que nos confundem os laços de sangue.
Vejo a tua luta todos os dias, mesmo quando não ouço a tua voz. Sinto-te ao longe e os arrepios de frio e medo que às vezes te percorrem o corpo passam também pelo meu. Coisas transcendentes que explicam o amor que nos une e que nos confundem os laços de sangue.
Penso muitas vezes que não te
agradeço o suficiente. Pela coragem, pelo amor, pelo salto de fé que decidiste
dar, mesmo quando as fileiras do exército dos mal-amados te atiravam flechas
certeiras ao coração. Mereces um obrigado gigante, sentido, não só meu mas de
todas as mulheres do mundo.
Obrigada por me teres relembrado
que lutar pela felicidade é mais importante que as convenções sociais. Que um
casamento não vale de nada se o amor, o respeito, o cuidar, o fazer sentir bem
não existirem. Que apesar do mundo nos berrar que, como mulheres, não temos
direito de dar o grito do Ipiranga e dizer que chega; que não temos um amante,
que não dormimos com ninguém, que não queremos fugir para casar com o colega de
trabalho (pelo menos ainda não); que estamos simplesmente infelizes, não
queremos mais e vamos mudar a vida por causa disso. E que conseguimos. Com
esforço e algumas lágrimas mas conseguimos.
Que orgulho sinto todos os dias
quando te oiço falar dos desafios de estar sozinha depois de tantos anos de
companhia mas que não desistirás. Que orgulho sinto quando te ouço dizer que
por mais que custe nunca voltarias atrás, porque te fez bem, porque agora és
mais tu, mais completa – apesar de seres agora apenas uma.
A força que me trazes ao
pensamento todos os dias faz-me sorrir. Que exemplo dás a todas as mulheres à tua
volta! Obrigada por desafiares as convenções, os estereótipos e por continuares
assim, sem amarguras e com o coração cheio de amor e sonhos. O coração que um
dia também me conquistou.
Obrigado, querida C. , por
mostrares a todas nós mulheres que valemos mais, que somos mais e que merecemos
sempre mais. Obrigada por desfazeres rótulos e por me inspirares a cada dia.
Obrigada pelo amor e pela coragem. Obrigada por ti.
Com amor,
Miriam
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